Estados não neuróticos e Objeto sobrevivente

26/02/2024

Quero convidá-los a participar desse grupo de estudos que vai se debruçar sobre os Estados não neuróticos, tão presentes no consultório contemporâneo.

A categoria de não-neurose foi sugerida por André Green para caracterizar os sofrimentos que apresentam significativas dificuldades na constituição do Eu, dos limites do Eu, uma fragilidade narcísica e falhas nos processos de simbolização. Em decorrência do comprometimento dos processos de simbolização e dos parcos recursos da elaboração psíquica, os estados não neuróticos apresentam maiores dificuldades de continência dos excessos pulsionais, estando mais propensos a compulsão à repetição e a atuações.

Os sofrimentos não neuróticos se expressam através de somatizações, adições, anorexia, bulimia, compulsão alimentar e pânico.

Subjacente ao sofrimento não neurótico encontramos o objeto intrapsíquico não sobrevivente que decorre da não sobrevivência o objeto externo nos momentos inicias da vida do bebê. O objeto não sobrevivente participa dos estados não neuróticos.

Em contrapartida, o objeto sobrevivente diz respeito aos processos essenciais na relação entre a mãe e o bebê, que dão início ao desenvolvimento psíquico saudável.

Como seria de se esperar, o manejo clínico das subjetividades predominantemente não-neuróticas desafiam a clínica psicanalítica e exige uma significativa disponibilidade do psicanalista.

Para o desafio destes estudos vamos nos apoiar inicialmente em escritos de Karl Abraham e Sándor Ferenczi, que abriram a perspectiva da relação de objeto.

Seguiremos com os psicanalistas que prosseguiram debruçados neste tema, Michael Balint, Fairbairn e Donald Winnicott.

Por fim vamos buscar os avanços neste estudos através dos trabalhos de psicanalistas contemporâneos, como André Green, Christopher Bollas, René Roussillon, Jan Abram entre outros.