A angústia do analista no enquadre analítico em tempos de pandemia
12/03/2023
Este foi o tema das reflexões da Mesa Clínica apresentada pelos psicanalistas Octávio Souza e Luis Claúdio Figueiredo, evento promovido pelo Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro.
Foram desenvolvidas discussões sobre a dimensão virtual do trabalho analítico frente ao isolamento social decorrente da pandemia de Covid 19.
Penso que faz parte do desenvolvimento contínuo da psicanálise e sua técnica, estar muita atenta as características, necessidades e desafios da cultura frente ao mal estar próprio de cada época.
E no contexto da pandemia houve uma expansão dos atendimentos psicanalíticos com suporte virtual. Esta ou outras alterações que propomos no setting devem estar sempre amparadas pela importância do “enquadre interno” do analista.
Não é o espaço físico de um consultório, o divã, a poltrona, os móveis que determinam uma sala de análise, mas sim o dispositivo interno do analista e sua capacidade de escuta; sua atenção flutuante abrangendo os mais diversos tipos de escuta em análise.
Nesse sentido, os atendimentos remotos, online, permitem a escuta e o trabalho analítico, desde que se mantenha o enquadre interno do analista.
E quanto as angústias, elas se mostraram exacerbadas em todos nós por conta da emergência de uma situação desconhecida, a pandemia, e frente a intensa ameaça que ela representou à vida das pessoas.
À angústia se associaram medos e depressões desencadeados pelas perdas reais, desde a perda da liberdade até as perdas mais dolorosas de muitas vidas.
Perdas, dores que precisam de um trabalho de luto. E a psicanálise, através dos dispositivos da virtualidade, segue contribuindo para amenizar o sofrimento do ser humano.
2021/Out
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