
O trauma em Freud
19/01/2025
Ao longo dos seus escritos, Freud atribuiu significados diferentes ao conceito de trauma.
Inicialmente se referiu ao trauma como trauma sexual e o relacionou com a hipótese para a origem das neuroses.
Esta ideia foi desenvolvidas nos seus estudos iniciais sobre a histeria.
Freud, num primeiro momento, pensou no trauma sexual como um abuso que teria ocorrido na infância e produzido efeitos patogênicos, que poderiam variar de acordo com a condição psíquica da pessoa que o vivenciou.
Mas, logo ele percebeu que nem todas histéricas teriam sido abusadas na sua infância e abandonou esta teoria, apresentando a teoria da fantasia de sedução como desencadeante do traumatismo. A teoria da sedução seria criada pela criança, a partir da sexualidade infantil e da pulsionalidade. Aqui se destaca a introdução da fantasia e da realidade psíquica.
O traumático estava relacionado à lembrança que fora, na infância, excluída da possibilidade de associação, sendo recalcada no inconsciente, de onde produzia efeitos patológicos, isto é, os sintomas neuróticos.
Nos estudos da histeria, Freud começou a compreender que a situação traumática era vivenciada em dois tempos.
Assim, o trauma sexual ocorreria a partir da combinação de duas cenas: a primeira cena teria se dado na infância e a segunda seria a partir de sua lembrança em momento posterior, a partir da adolescência.
Portanto, os sintomas neuróticos não emergiriam como decorrência de uma única experiência real ocorrida na infância, mas sim da sua recordação após o ingresso da maturidade sexual.
Frente a esta teoria do trauma, o trabalho analítico seria trazer a representação desta vivência, que estaria recalcada no inconsciente, para uma cadeia associativa por meio da fala.
Com o avançar de suas investigações clínicas, Freud apresentou outra teoria do trauma atribuindo como traumático uma quantidade energética excessiva que rompe a proteção do psiquismo, acarretando sua desorganização e ativando defesas.
A expressão intensa do trauma impede a representação da experiência vivida provocando a compulsão à repetição, isto é, o agir repetitivo como uma maneira de se livrar do excesso de excitação.
A partir desse entendimento, o trabalho analítico se amplia e consistindo em promover ligações através de construções e não apenas desvelar os representantes recalcados.
É importante esclarecer que as teorias do trauma são complementares e não excludentes, ambas se articulam para consolidar e ampliar a compreensão e o fazer clinico.
Rosita Esteves
Psicanalista
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2025/Jan
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